Liderança e Transferência de Responsabilidade

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Frequentemente são postadas publicações a respeito do papel do líder ou sobre liderança, as competências mais requeridas, considerações sobre liderança inata ou aprendida, e um prol de outras investigações. Vários canais de comunicação trazem abordagens sobre o tema líder e liderança.

Por falta de espaço, aqui, vamos falar para todos os casos, líder.

Aprendi muito lendo algumas publicações. Outras, parecem repetir listas de competências estilo “doze passos”, “sete passos” ou ainda “mandamentos”, e por aí a fora. Tópicas sobre o papel do líder. Todavia, depois de muito ler, e de saber que ainda preciso ler mais ainda, consegui elaborar alguma coisa que segue desta forma, sem, contudo, estar fechada, sendo nada definitiva.

Dividirei meus raciocínios em duas frentes. A primeira, sobre líder. A outra, conexa embora tangenciada por questões mais sociais, não esvaziada da primeira, sobre transferência de responsabilidade.

Acho curioso como vemos e ouvimos sobre a evisceração do liderado em decorrência do fortalecimento do líder. Da mesma forma, é o autoextermínio cidadão em decorrência da transferência de responsabilidade.

Invariavelmente quando leio algumas postagens sobre o papel do líder, os fundamentos do líder, passos para ser líder de sucesso, e tantas outras, me pego a refletir sobre o que é ser líder. Sou pelo reconhecimento do líder. Percebo sua importância no cenário. Aliás, como sou líder de equipe, pauto-me por valorizar o papel do líder.

Teço reflexões porque o papel do líder sempre me parece muito focado, exaltado. O líder faz isso e aquilo, sabe disso e daquilo, é capaz de desenvolver pessoas ou regredi-las!! Faz e acontece, põe e dispõe, dono do real e do irreal. Assim é visto o líder. Como este super-homem acima da história. Ele é apresentado como o senhor dos sentimos emocionais de si e do outro.

Comparação com entes da mitologia grega.

Vejo nas postagens o líder acima da história porque paira soberano como senhor de quem está abaixo na hierarquia. Ninguém chega para ser liderado com background, com repertório, com referências. O líder coloca no liderado estas tópicas. O liderado é cru de uma maneira que assimila à criança. O líder é visto como este centro de gravidade e o liderado como esta matéria amorfa atraída e desenvolvida por este astro ensolarado.

O líder é Apolo e o liderado Sileno. Entes emprestados da mitologia grega para dar uma ideia da coisa.

Pense bem: um é o deus Apolo, o sol! O outro é um ser humano, cheio de fraquezas. Alguém duvida do que é ser comparado a um sol e a um ser humano? Qual é mais poderoso, mais próximo ao perfeito? Se me perguntarem não tenho dúvidas de que quero ser comparado ao sol.

É impressionante como zeram os liderados, como são colocados como vazios, carentes de enchimento. O líder é sim diferenciado para levar a equipe às metas entregues. Necessário um bom líder para obtenção de resultados. Necessário um bom líder para o coletivo rumar para um objetivo definido. Disse necessário e não contingente, acidental. Vejam que defendo a referência “líder”.

Leões e ovelhas

Todos se lembram da metáfora exposta através da frase famosa que diz que é melhor um leão comandando um exército de ovelhas que uma ovelha comandado um exército de leões. Puxa vida! De uma hora para outra um exército de leões virou… dá para dizer? Dá para reduzir sem perder efetividade? O que quero dizer é que um exército de pulgas, de percevejos, faz um estrago danado. E um exército de leões, só porque comandados por uma ovelha, não faz nada?!

E dizem que um leão comandando um exército de ovelhas fará destas um amontoado de feras. Como se ovelhas fossem aquilo que fazem delas. Liderados são assim? Matéria, barro moldável, massa de manobra?

“Me dá uma doidera” pensar nisso. E olha que sou líder de equipe, ganho a vida assim há um tempinho. E não quero parar!

Voltando aos exemplos digo que vejo postagens dizendo que o mau líder faz com que excelentes profissionais sejam desligados de seus cargos. Uai… o cara não é excelente profissional? Não é o bambambã? Como assim se desligou porque o outro é mau líder?

Entende que meu ponto de ancoragem é ressaltar demais um e imaterializar o outro? Um excelente profissional pediu desligamento porque o outro é um mau profissional? Quando a responsabilidade será do sujeito? E, neste ponto, entramos no segundo tema que é a transferência de responsabilidade. Isto de transferir para o outro a responsabilidade sobre o destino precisa ser levado com mais carinho. Citarei exemplos.

Os filhos são um tesouro

Alguns pais, infelizmente, enviam seus filhos para escolas para ficarem “livres” dos filhos. Alguém duvida? Muitos são a favor de mais polícia enquanto sobem o morro para comprar drogas ou adquirem objetos nas esquinas. Alguém duvida? A responsabilidade da saúde é do estado enquanto o sujeito se automedica. Alguém duvida?

Os anúncios de remédios ou congêneres são assim: “ao persistirem os sintomas um médico deverá ser consultado”. Uai, não deveria ser antes de medicar-se? Alguém duvida?

Sou pelo fim de transferência de responsabilidade. Menos em se tratando de representação política. Mas, neste ponto, vamos deixar para outro texto.

Procure um especialista para que a coisa funcione corretamente, para corrigir a rota. A empresa precisa que a meta seja entregue? Procure o líder. Penso assim também. Nada de transferir responsabilidade. Um é líder e outro é o liderado.

Só não vá zerar o cara que é liderado, meu. Você só ganha se alguém perder? Tem versão ganha-ganha, já viu?

Não se faz angu sem milho e água. Sem fogo, tempero, vasilha, mão, cultura, gente… é preciso dar importância para cada coisa. Não supervalorizar os de cima e nem subvalorizar os de baixo.

Com efeito, o líder é de fato preponderante para o sucesso. O líder toma decisões difíceis, conhece os atalhos, possui inteligência emocional, equilíbrio, etc., todavia, o liderado também tem seus valores.

Valorize mais o liderado. Elogie mais o liderado. Corrija mais. Só não zere o outro. Você é líder. E como ser humano tem lá seus defeitos. Tem o seu feito e o do outro. Não assuma o que o outro fez. A não ser o erro. Como o liderado chega sem background, quando ele errar, bata no seu peito e diga: o erro é meu!

Né não?

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