Diante da escalada do desemprego e da deterioração do mercado de trabalho, muitos executivos veem a pós-graduação como uma possível tábua de salvação para suas carreiras.
Não é bem assim. Segundo Carlos Felicíssimo, sócio do Group4, a esperança de que o título será uma “garantia mágica” de emprego ou promoção raramente se concretiza – ainda mais se o curso não for bem escolhido.
Ter uma pós-graduação, por si só, não faz grande diferença: o diploma, especialmente na modalidade lato sensu, virou um item tão comum em currículos que até tem sido chamado de “commodity” pelos recrutadores.
“Se você está desempregado e decidiu fazer um curso porque acredita que isso aumentará a sua empregabilidade, tenha cuidado”, diz Felicíssimo. “A qualificação não necessariamente vai melhorar as suas chances e, se for mal escolhida, pode ser um mero desperdício de tempo e dinheiro”.
Por outro lado, se a decisão for rigorosamente pesada e planejada, o retorno para a sua carreira pode ser imenso. Mesmo que vagas ou promoções não apareçam imediatamente, os conhecimentos adquiridos no curso podem servir como trampolim para agarrar oportunidades a médio prazo.
Para ajudá-lo na hora de dar esse passo, EXAME.com elaborou um roteiro de perguntas que todo profissional deveria responder antes de se matricular em um programa de pós. Confira:
1. Por que eu quero fazer uma pós-graduação?
Para evitar arrependimentos, é importante investigar quais são as verdadeiras motivações por trás da sua decisão. Se, no fundo, o seu desejo é apenas colocar um “nome bonito” no currículo, sinal vermelho.
“Você precisa saber explicar com argumentos concretos por que quer fazer o curso”, diz Felicíssimo. “A pós-graduação precisa atender a um objetivo específico de carreira, como trazer uma determinada competência que está fazendo falta para você neste momento”.
2. Estou (realmente) disponível para o compromisso?
Segundo Rafael Souto, presidente da consultoria Produtive, é preciso analisar variáveis como tempo, energia, dinheiro e vida familiar antes de se candidatar a um programa de pós. “Caso o curso não caiba no seu bolso e na sua rotina, é melhor postergar a decisão”.
Se você não estiver disponível em todos os sentidos, provavelmente terá um mau desempenho no curso – o que pode inclusive mandar um recado negativo sobre você para colegas, professores e pares do mercado.
3. Vou aplicar o conhecimento adquirido?
Dificilmente o aprendizado trazido por uma pós-graduação será completo se você não puder usá-lo na sua rotina de trabalho. Por isso, é importante avaliar se haverá oportunidades para empregar o conteúdo do curso na prática.
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Por vezes, a aplicação não será imediata – mas pode estar aguardando você no seu próximo passo de carreira. “Imagine que você trabalhe no departamento de contabilidade e pretenda assumir em breve a posição de controller”, diz Felicíssimo. “Ao fazer uma pós em controladoria, você ganhará uma bagagem teórica que será aplicada assim que você for promovido”.
4. Preciso de um curso na minha área de formação original ou devo buscar algo novo?
De acordo com Souto, há dois caminhos possíveis para uma pós-graduação. O primeiro, indicado para a maioria das pessoas em início de carreira, é fazer um curso que reforce a sua área de formação original. É o caso de um publicitário que mire um diploma na área de marketing digital, por exemplo.
Uma segunda possibilidade é conhecer um campo totalmente novo, normalmente na área de gestão e liderança. Essa alternativa é mais recomendável para quem já tem vários anos de experiência ou outras pós-graduações em seu setor de formação e deseja se preparar para um cargo de comando.
5. Qual modalidade de pós-graduação é a mais indicada para mim?
Por muito tempo, acreditou-se que os cursos stricto sensu, como mestrado e doutorado, interessavam apenas à carreira acadêmica, enquanto os diplomas delato sensu, como as especializações, seriam mais adaptados à prática do mercado. Não funciona mais assim, diz Souto.
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A modalidade stricto sensu também tem sido muito valorizada por empresas privadas – e pode até render salários maiores. Outro benefício a ser considerado nos mestrados e doutorados é a possibilidade de pavimentar uma outra alternativa de carreira, como professor universitário ou consultor, lembra Souto. Por outro lado, o diploma lato sensu costuma ser uma boa opção para quem está no início da vida profissional e quer checar seu interesse por uma determinada área com um curso um pouco menos exigente.
6. Quais são as instituições de renome na minha área de interesse?
Preocupar-se com a reputação da universidade é fundamental para quem busca um título de pós-graduação. “Pouco adianta ter um diploma de uma instituição de baixa qualidade”, diz Souto. “É melhor esperar um pouco para guardar dinheiro e estudar em um lugar melhor, ou você pode manchar o seu currículo”.
Também vale conversar com ex-colegas, amigos, headhunters e consultores sobre as vantagens de estudar numa instituição brasileira ou estrangeira. Para Felicíssimo, os cursos no exterior não são necessariamente melhores do que os oferecidos por aqui. Ainda assim, a escolha por fazer as malas tem os seus benefícios, como o treino intensivo de um idioma estrangeiro e o contato com outra cultura. Veja mais motivos para fazer (ou não) uma pós fora do Brasil.
7. Quais são as próximas tendências no meu campo de atuação?
De acordo com Souto, cada profissão tem suas tendências. Enquanto a contabilidade caminha para a valorização da controladoria, por exemplo, a engenharia tem preconizado o lean manufacturing. É importante que o tema da sua pós-graduação esteja afinado com as dinâmicas mais recentes na sua área.
“Faça uma leitura do seu mercado, converse com pares e consultores e pesquisecases de profissionais de sucesso”, recomenda o especialista. “Com base nesse estudo, busque uma qualificação que seja promissora daqui a alguns anos”.
Por: Claudia Gasparini
Fonte: Exame
Imagem em destaque: Foto/Reprodução da internet
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