De Arial a Comic Sans, o que 10 fontes dizem sobre o seu CV

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Design, ensinava Steve Jobs, não é aparência de uma coisa; é como ela funciona.

Currículos não são iPhones, mas nem por isso escapam à máxima do gênio da Apple: seu papel diante de um recrutador depende fortemente de seu visual.

Você é um profissional sóbrio ou irreverente? Moderno ou tradicionalista? A estética do seu CV contribuirá muito para essa resposta.

Segundo o designer Gustavo Pizzo, as fontes usadas no texto são uma parte importante da mensagem não-verbal contida no documento. A escolha deve ser “calibrada” de acordo com o cargo ou a área pretendida pelo candidato.

Também há uma questão importante atrelada à legibilidade do texto. “Algumas fontes são fáceis de enxergar na tela do computador, outras ficam melhor no papel impresso”, comenta Pizzo.

Da clássica Arial à execrada Comic Sans, reunimos 10 exemplos de fontes populares e suas respectivas peculiaridades para o contexto dos currículos. Clique nas fotos para vê-las.

1. Arial

A Arial é uma cópia aproximada da Helvetica, uma fonte idolatrada pelos designers e presente em muitas mídias do dia a dia – até nas placas do metrô de São Paulo.

Tradicional, sóbria e fácil de ler, ela tem uma desvantagem importante, segundo Pizzo. “É básica demais, saturada”, explica. “É uma fonte adequada, correta, mas não diferencia nenhum candidato”.

Além disso, em textos longos, a fonte pode se tornar cansativa. Uma saída para isso, diz o designer, é aumentar um pouco o espaçamento entre as linhas.

2. Calibri

Criada para acompanhar a chegada de monitores de computador mais modernos, a fonte tem visibilidade ótima em telas de LED e LCD.

“A Calibri é ótima para currículos em formato digital, especialmente para textos corridos”, afirma Pizzo. “Também tem a vantagem de ser sóbria, mas não tão saturada e quadrada quanto a Arial, por exemplo”.

3. Times New Roman

Criada nos anos 1930 para o jornal britânico “The Times”, a fonte tem uma estética associada ao mundo dos jornais impressos.

“Ela é ótima para currículos impressos, com letra pequena, mas tem uma legibilidade péssima para o meio digital”, diz Pizzo. Se a sua intenção é mandar o arquivo para o recrutador pela internet, portanto, é melhor desistir da fonte.

Como a Arial, a Times é vítima de sua própria popularidade: ninguém mais aguenta vê-la. Mas há alternativas menos saturadas, como a Cambria, a próxima fonte desta lista.

4. Cambria

Da mesma forma como a Calibri é uma boa substituta para a Arial, a Cambria pode ser uma alternativa interessante à Times New Roman.

Isso porque, além de funcionar bem no papel impresso, ela também proporciona uma boa leitura em telas de computador.

Como é menos usada, ela também conta pontos em originalidade. “Ela tem a sobriedade da Times, sem ser tão cansativa”, explica Pizzo.

5. Comic Sans

Motivo de ódio e chacota, a Comic Sans foi criada para o mundo dos quadrinhos. Mas seu uso acabou escapando aos gibis: de cardápios de restaurante a comunicados no elevador do prédio, a fonte é usada em todos os possíveis contextos.

“Os designers têm pavor dela, e ficou engraçado dizer como ela é horrível pelo uso inadequado que acabou adquirindo ao longo do tempo”, explica Gustavo.

Para currículos, a negativa do designer é enfática. “A mensagem é brincalhona, infantil”, diz. “Até se você fosse um palhaço profissional, existiriam outras fontes mais interessantes para o seu currículo”.

6. Impact

Criada nos anos 1960, a Impact adquiriu um status cultural imprevisto a partir dos anos 2000: virou a fonte oficial dos memes de internet.

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A associação com as imagens engraçadinhas das redes sociais é motivo mais que suficiente para ela passar longe dos currículos, diz Pizzo. “Ela traz inevitavelmente um tom cômico, irônico, nada profissional”, explica.

7. Monotype Corsiva

Inspirada na letra cursiva, a fonte fica bem em materiais impressos – e só. Segundo Gustavo, ela não deve ser usada de forma alguma em currículos digitais.

Além de ser difícil de ler em telas, a Monotype Corsiva tem outra particularidade que pode comprometer seu uso: sua aparência elaborada, quase kitsch, tem tudo a ver com convites de casamento e formaturas.

“No máximo, pode ser usada por profissionais mais tradicionais em títulos e assinaturas”, diz o designer. Mesmo nesses casos, é importante usá-la com parcimônia.

8. Courier New

A fonte é outro “patinho feio” entre os designers. Pelo seu ar antiquado, típico dos textos de máquinas de escrever, ela é pesada, grosseira e cansativa para a leitura, na visão de Gustavo.

A Courier New também traz uma associação com o mundo da informática, por ser tipicamente usada em código de programação de computadores. “É um visual que pode causar estranhamento no contexto de um currículo”, afirma o designer.

9. Book Antiqua

O nome da fonte não deixa dúvidas: ela pertence ao universo dos livros. Graças ao seu estilo clássico, ela pode ser uma boa opção para profissionais de áreas tradicionais, como Direito.

Apesar disso, a Book Antiqua tem algumas limitações. “Ela fica bem melhor no papel, já que foi projetada para uma mídia impressa”, explica Pizzo. Para aumentar a legibilidade na tela, você pode aumentar ligeiramente o tamanho das letras e o espaçamento entre as linhas.

10. Garamond

Como a Book Antiqua, a fonte deve suas origens à impressão dos livros. Sua ancestral mais remota, projetada pelo francês Claude Garamond, apareceu numa obra publicada no ano de 1530.

A fonte dá um ar sério e tradicionalista a currículos, com a vantagem de ter uma legibilidade melhor em telas de computador do que a Book Antiqua.

“A Garamond é sóbria, elegante e muito usada por designers”, diz Pizzo. “Ela está saturada no mundo dos livros, mas em outros contextos pode ser uma ótima opção”.


Por: Cláudia Gasparini

Fonte: Exame

Imagem em destaque: Foto/Reprodução internet

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