Um dos maiores jogadores brasileiros ganha R$ 29 milhões por ano; já Marta, a maior estrela feminina, luta para encontrar um time sólido financeiramente.
Quando o assunto é futebol, o mundo vê o Brasil com outros olhos. É a terra onde talentos são revelados ou a terra onde há a “ginga”, um termo que só existe no português para designar o jetinho brasileiro e descontraído de jogar, como define a The Atlantic. Em novo artigo, uma das mais prestigiadas revistas americanas, analisou como o imaginário do futebol brasileiro leva a acreditar em um cenário de magia que nem sempre é real dentro e fora dos campos. A publicação também mostra a desigualdade dos salários e apoio entre as ligas femininas e masculinas no país.
“Depois de mais de uma década sem ganhar a Copa do Mundo, o Brasil abandonou ginga em favor de uma determinação mais agressiva para vencer a qualquer custo. O 7×1 para a Alemanha mostrou que o caminho a ser seguido não é esse. Foi um sinal irritante de como o país deve voltar para sua ginga, para a magia e beleza como é conhecido” , afirma a revista. O único capaz de manter essa ginga, para a The Atlantic, foi Neymar, com sua “extraordinária habilidade”. Mas, quando ele se lesionou e ficou de fora da semifinal, o Brasil perdeu sua mágica. Do talento dele, no entanto, ninguém duvida – o alto salário atual no Barcelona e o espaço que tem no time são prova disso. A situação, no entanto, muda de figura quando o assunto é outra estrela do futebol brasileiro: Marta.
“Antes de Marta, o futebol feminino quase não existia. Dentro do país, mesmo com muitas ligas e a popularidade conquistada no mundo no início dos anos 90, a concepção de que as mulheres podiam jogar o esporte não era aceita naturalmente. Mas ginga domina preconceito. Os brasileiros não puderam resistir ao que Marta fazia em campo. Ela, chamada de “O Pelé de Saias”, foi nomeada como a melhor jogadora do mundo por cinco anos consecutivos, entre 2006 e 2010. “Na semifinal da Copa do Mundo de 2007 contra os Estados Unidos, a então menina de 21 anos aproximou-se da área das adversárias, deu piruetas e marcou um golaço, definindo um momento único: aquele no qual o próprio Brasil tomaria conhecimento de sua mágica”, diz a The Atlantic.
Mas sua trajetória não se mostrou parecida com a de Neymar – apesar de toda sua garra, ginga e talento. Enquanto Neymar fez um colossal sucesso ao redor do mundo – o Barcelona pagou 57 milhões de euros para levá-lo para o clube – Marta luta nos últimos oito anos para encontrar uma liga sólida em que ela possa se estabelecer. “Dos oito times profissionais em que ela jogou, sete têm enfrentado problemas financeiros, bambeando para se manterem em pé. Ao mesmo tempo, este ano, na Copa do Mundo feminina no Canadá, ela carrega as esperanças de uma nação que quase nunca encontrou muita razão para se preocupar com o futebol feminino, mesmo quando o país reconhece a sua habilidade excepcional dentro de campo. Será que a admiração por ‘sua versão’ masculina, Neymar, poderia forçar fãs de futebol e patrocinadores a reconhecer toda a ginga e talento que Marta encarna?”, questiona a The Atlantic.
Essas discrepâncias ficam ainda mais claras agora, com a Copa do Mundo de Futebol feminino e a final da Liga dos Campeões, entre Barcelona, com Neymar e Messi, e o Juventus, de Carlitos Tevez.
Fonte: Época Negócios
Imagem em destaque: Foto/Reprodução internet
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